Baptistério
BAPTISTÉRIO (do latim: baptisterium) é o lugar onde se encontra a fonte ou pia batismal, sendo o local específico para a realização do batismo entre os cristãos.
Na construção do batistério deve ser destacada e realçada a dignidade do SACRAMENTO DO BATISMO. Seja o lugar adequado para as celebrações comunitárias. Convém projetar uma sala batismal. Pode-se inserir o batistério na própria igreja, na nave central ou lateral, mas separada do presbitério e em plano mais baixo em relação a este. Nos primórdios do cristianismo, os catecúmenos eram instruídos e o sacramento do batismo era administrado no batistério.
A liturgia fala da “fonte batismal”. Esta ideia do batistério-fonte pode ser visualizada fazendo jorrar verdadeiro jato de água nascente.
Nesta igreja (São Martinho, Sintra) a pia baptismal e o espaço do baptistério tem características renascentistas (1546), como se pode observar é semicircular escavado na parede da fachada, onde se pensa que até à reconstrução pombalina seria uma escada de caracol para a torre sineira (?).A entrada do baptistério é protegida por uma grade de balaústres, em madeira.
O SACRAMENTO DO BATISMO é o ritual de iniciação cristã executado aos catecúmenos abrindo-lhes as portas da vida cristã ao batizado e da vida no Espírito ("vitae spiritualis janua") e a porta que abre o acesso aos demais sacramentos.
Pelo Batismo somos libertados do pecado e regenerados como filhos de Deus, tornamo-nos membros de Cristo, somos incorporados à Igreja e feitos participantes da sua missão: "Baptismus está sacramentum regenerationis per aquam in verbo O Batismo é o sacramento da regeneração pela água na Palavra".
Uma vez batizado, o cristão é para sempre um filho de Deus e um membro inalienável da Igreja e também pertence para sempre a Cristo.
No batismo com a ÁGUA recordamos o dom precioso da vida[1]; o ÓLEO significa consagração, bênção e reconhecimento da parte de Deus e especial distinção diante dos homens[2], o gesto da IMPOSIÇÃO DAS MÃOS é por natureza o símbolo da bênção[3].
A INSTITUIÇÃO DO BATISMO está relacionada com os seguintes textos bíblicos:
- "Em verdade vos digo, disse Jesus a Nicodemos, quem não renascer da água e do Espírito Santo, não pode entrar no reino de Deus" (João 3, 5).
- "Ide, ensinai todas as gentes, disse Jesus a seus discípulos, batizando-as, em nome do Padre, e do Filho e do Espírito Santo" (Mateus 28,19).
- "O que crer e for batizado, será salvo", promete o Salvador (Marcos 16, 61).
- "Recebe o batismo e lava os teus pecados", disse Ananias a Saulo (Atos 22, 16).
- Os Apóstolos administravam o batismo a todos os que desejavam alistar-se na religião nova. Três mil pessoas receberam o batismo das mãos de S. Pedro, no dia de pentecostes (Atos 2, 38-41).
A FESTA DO BAPTISMO do senhor encerra o ciclo do natal, celebrando-se no domingo a seguir à Epifania ou, quando esta cai a 7 ou 8 de Janeiro (como pode acontecer em Portugal, em que a Epifania se celebra sempre ao domingo), na segunda-feira a seguir à Epifania. Esta festa comemora o acontecimento inaugural da vida pública de Jesus Cristo ao fazer-se batizar por João Baptista no Jordão, dando ocasião à teofania da SS. Trindade que apresentou Jesus Cristo como Filho de Deus e Messias, ao mesmo tempo que a sua entrada nas águas as santificava para o Baptismo cristão (Mateus 3,13-17ss, Marcos 1,9-11; Lucas 3,21s).
BATISMO DE JESUS
Evangelho segundo São Mateus (3,13-17ss): Veio então Jesus da Galileia para o Jordão ter com João para ser batizado por ele. Mas João opunha-se, dizendo-lhe: «Eu é que tenho a necessidade de ser batizado por ti, e és Tu que vens ter comigo?». Respondendo, Jesus disse-lhe: «Deixa por agora. É conveniente que assim cumpramos toda a justiça[4]». Então João deixou que assim fosse. Tendo Jesus sido batizado, imediatamente saiu da água, e eis que os céus se abriram para Ele, e viu o Espírito de Deus a descer como uma pomba e vir sobre Ele. E eis que veio uma voz dos céus, dizendo: «Este é o meu Filho amado, no qual me comprazo».
Evangelho segundo São Marcos (1,9-11): E aconteceu que, naqueles dias, veio Jesus de Nazaré da Galileia e foi batizado no rio Jordão por João. E imediatamente[5], ao sair da água, viu os céus rasgados e o Espírito, como uma pomba, a descer sobre[6] Ele. E uma voz surgiu dos céus: «Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo[7]».
Evangelho segundo São Lucas (Lucas 3,21s): Aconteceu que, ao ser batizado todo o povo, tendo também Jesus sido batizado[8] e estando a rezar, abriu-se o céu, e desceu sobre Ele o Espírito Santo em figura corpórea, como uma pomba. E do céu surgiu uma voz: «Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo».
[1] No batismo esta vida vem e deve ser conservada como o dom. Mediante a fé é também comunhão com a vida trinitária e com os irmãos. Pode ser também símbolo da morte: “Pelo batismo, fomos sepultados com ele (Cristo) na morte para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos para o glória do Pai, assim também vivamos a vida nova”. (Romanos 6,4).
[2] Na história dos Israelitas ou, mais precisamente, no Antigo Testamento, eram ungidos os sacerdotes, os reis e os profetas. Samuel unge a cabeça de Saul dizendo: “O Senhor te ungiu príncipe sobre a tua herança” (1Sm 10,1). O sacerdote Aarão foi ungido pelo Espírito. O óleo torna-se símbolo do Espírito de Deus! Quando começa a missão messiânica o evangelista coloca em sua boca as palavras do Profeta Isaias: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu” (cf Lucas 4,18). O próprio Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com sua força (cf Atos 10,38). Cristo – o ungido -, unge por sua vez os cristãos e os torna participantes de sua santidade e de sua salvação.
[3] No Batismo, na Confirmação, na Reconciliação dos Penitentes (Confissão), na Eucaristia antes da consagração, nas Ordenações (diaconal, presbiterial ou episcopal), na Unção dos Enfermos e no Matrimônio. (cf. Gn. 48,14); transmitir um cargo ou missão (cf. Lv. 16,21). No Novo Testamento Jesus impõe as mãos as crianças (Mc 10,16); curando doentes (Lc 13,13; Mc. 6,2). Em Samaria os Apóstolos Pedro e João transmitem o dom do Espírito Santo pela imposição das mãos (At 8,17).
[4] A justiça aqui é vista por Mt, tal como na literatura de Qumran (conjunto dos escritos – 200 a.C./68 d.C – da comunidade dos essénios encontrados em Qumran, nas margens do Mar Morto) e dos Tanaîm (sábios judeus compiladores da Torah che be-'alpê, a tradição oral), como uma imposição humana ético-religiosa ou uma exigência jurídica que é preciso cumprir. Pode considerar-se aqui uma justiça inferior, equivalente à tsédeq hebraica (justiça forense). Mas em Mt 5,20 e 6,2 tratar-se-á de uma justiça superior (mais perto da tsedāqāh, a justiça em si), a qual sintomaticamente Mt traduzirá por compaixão / misericórdia (eleēmosýnē), mais próximo do correspondente aramaico de tsidqā' (cf. mAvot 1,13).
[5] Advérbio muito frequente em Mc para apresentar Jesus em constante movimento, o que sublinha a urgência do seu ministério e da resposta que lhe é devida (cf. 1,18). É consequência da chegada dos tempos escatológicos (1,15).
[6] A preposição grega eis normalmente expressa o movimento direcionado, mas é usada pelo grego da koiné também com o sentido de sobre.
[7] Trata-se de uma teofania trinitária, que manifesta a presença do Pai e do Espírito Santo na missão de Jesus. A declaração do Pai evoca a imagem e missão do Servo do Senhor em Is 42,1. A pomba foi, para Noé, o sinal de que o castigo do dilúvio tinha terminado, representando a paz e a reconciliação com Deus (Gn 8,8-12). A sua descida da realidade de Deus (céu) à dos homens (terra) significa que, em Jesus, que batiza no Espírito Santo, se realiza em plenitude a reconciliação e a comunhão entre Deus e os homens. Por isso, com a morte de Jesus também o véu do templo, que separava o divino do profano, se rasgou em dois, de alto a baixo (15,38).
[8] De forma solidária, Jesus participa no processo da conversão do seu povo e dá-lhe sentido. A oração de Jesus é um tema caro a Lc (5,16; 6,12; 9,18.28-29; 10,21; 11,1; 22,32.40-46; 23,34.46). Sobre os céus que se rasgam, cf. Is 63,19.